O mundo submerso é tudo menos silencioso. Os peixes ouvem e alguns deles ouvem até muito altas frequências. Além de ouvirem bem, os peixes têm vivências básicas associadas aos sons: a reprodução é uma delas; a comunicação como defesa contra predadores é outra. É por isso que o ruído crescente provocado pelas actividades humanas nos oceanos causam um forte impacto na vida marinha.
O aumento da poluição sonora no mar põe em risco a sobrevivência das espécies marinhas. Na Convenção sobre as Espécies Migratórias, realizada em Dezembro 2008, este problema foi destacado pela ONU. O aumento da cacafonia marinha originado pelo Homem representa um problema, sobretudo, para os mamíferos que usam sons para comunicar. “O barulho submarino feiro pelo Homem já provocou uma espécie de nevoeiro acústico e uma cacafonia de sons em muitas partes dos mares e oceanos do mundo”, disse o director científico da Sociedade para a Preservação dos Golfinhos e Baleias, Mark Simmonds, em comunicado da FAO.
Um navio de carga emite, pelo estouro das bolhas que os seus propulsores criam na água, ruídos de 150 a 195 decibéis. Imagine-se 100 mil cargueiros...
A baleia está ficando surda, ouvindo a distâncias 90% menores. A orca tem sido obrigada a emitir sons cada vez mais altos para ser ouvida.
Algumas baleias aparecem mortas nas praias após testes militares com sonares caça-submarinos (235 decibéis), que causam hemorragias nos ouvidos e olhos dos animais.
A ONU denuncia ainda que as mudanças na composição química marinha também contribuem para o aumento da poluição sonora nos oceanos. O aumento dos níveis de acidez da água do mar fazem com que esta absorva 10% menos sons de baixa frequência. A menos que se reduzam os níveis dos gases do efeito de estufa, os níveis de acidez marinha podem chegar, em 2050, a um ponto que leva à propagação do ruído dos navios a distâncias 70% maiores.
O que fazer? Os navios utilizarem motores mais silenciosos e alarmes menos danosos, restringir os testes sísmicos utilizados na prospecção de petróleo e de gás, cortar nas emissões de CO2... preocuparmo-nos mais com as consequências dos nossos actos!
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